O Couto Mineiro do Pejão
O Couto Mineiro do Pejão é a região onde se estendia a concessão para a exploração de carvão (antracite) das Minas do Pejão, encerradas em 1994. Situa-se na margem esquerda do Rio Douro, a cerca de 35km da cidade do Porto, sendo servida pela EN222, do Km.26 ao Km.40 e confina a norte com o Rio Douro, a sul com os concelhos de Santa Maria da Feira e Arouca e a poente com os concelhos de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira. Inclui as freguesias de São Pedro do Paraíso, Raiva e Pedorido do concelho de Castelo de Paiva e Lomba do concelho de Gondomar.
É uma freguesia de relevo acidentado, pouco cultivada e com uma grande mancha florestal, com pequenos núcleos populacionais, dispersos pela sua extensa superfície.
As inquirições de 1258 incluem o território desta freguesia, ou pelo menos parte dela, na freguesia de Pedorido, mas já em 1320, no arrolamento das paróquias, esta terra aparece já referenciada como São Pedro do Paraíso, porventura, instituída devido à grande distância que as separavam.
Os povos antigos, que neste acidentado território marcaram presença definitiva aproveitaram muito do extraordinário manancial mineralógico existente.
Há também vestígios da presença de povos germânicos neste território, nomeadamente em nomes de alguns lugares, como Sabariz e Touriz, que aludem a possíveis "villas" germânicas.
Na zona de Carvalho Mau surgiu um núcleo megalítico de grande extensão tendo sido já objecto de algumas escavações arqueológicas, com três mamoas que provam a passagem de diversos povos por esta região.
Desde a doação que Egas Herminges fizera antes da sua morte, em 1133, de metade do seu padroado da Igreja de S. Pedro do Paraíso ao Mosteiro de Paço de Sousa, foi aberto um contencioso entre aquele Mosteiro e a Mitra de Lamego, que havia de durar pelo menos até ao século XVIII.
A actividade mineira teve grande expressão nesta freguesia, com a exploração carbonífera na zona do Pejão, onde ainda hoje, são visíveis muitos vestígios daquela actividade, que arrastou muitos trabalhadores e aventureiros a estas paragens.
As inquirições de 1258 referem, pela primeira vez, a localidade da Raiva como "villa honorata", isto é, com privilégios especiais perante a coroa portuguesa, e pertença de cavaleiros, sendo estes quem fazia a apresentação da igreja.
Toda a honra da Raiva aparece, posteriormente, como de D. Gonçalo Viegas, segundo as inquirições de 1290, já citada como "Villa de Rabia".
Em tempos pré-históricos esta zona foi bastante povoada, conforme se depreende da existência de mamoas e de vestígios descobertos no sítio do Monte Grande, não sendo, todavia, possível determinar com segurança as suas datas precisas. Foi depois habitada pelos povos dominadores da Península Ibérica, de que se encontraram numerosos vestígios.
Recorde-se que Raiva foi honra e concelho, a que D. Manuel pretendeu dar foral, facto comprovado pelo seu pelourinho, classificado como imóvel de interesse público, desde 11 de Outubro de 1933.
A exploração carbonífera marcou esta freguesia que, ainda hoje, no Fôjo, próximo do lugar de Folgoso, apresenta importantes vestígios dos tempos áureos da actividade mineira. Desse tempo, ainda existem o Hospital das Minas, hoje Extensão do Centro de Saúde da Sede do Concelho, o edifício da Cooperativa de Consumo e o Cinema da Estação, estruturas que recordam os tempos de outrora, quando a indústria extractiva era o expoente da economia local. A tradição popular faz remontar essas antigas pesquisas mineiras ao tempo dos árabes.
O Monte de S. Domingos, com quase 500 metros de altitude é, assim, chamado, pelo facto de existir, no cimo do mesmo, uma pequena capela, cujo padroeiro é S. Domingos, um santo muito venerado e que atrai muitos devotos. Deste local, com espaços destinados ao convívio e ao repouso, e onde está localizado um enorme carrilhão, o visitante pode admirar uma das mais belas paisagens sobre o vale do Douro.
Os lugares de Midões e Gondarém, próximos do rio (existindo em Midões uma zona de lazer junto ao Rio, bem como um cais para a paragem de embarcações de recreio), têm uma beleza muito característica das aldeias serranas. Em Serradelo fabrica-se, ao nível da doçaria regional, deliciosas iguarias como os doces e o Pão-de-Ló, conhecidos até no estrangeiro.
Foi esta freguesia uma das primeiras da Terra ou Julgado de Paiva, com boa representação nos documentos que, no século X e XI assinalam o concelho.
Uma falsa etimologia quis derivar o nome desta freguesia em "pé dorido". Uma delas, anterior ao século XII é Pedraído ou Petraído, que conservou a toponímia até aos nossos dias como forma estereotipada, que define o território acidentado ou pedregoso entre o Rio Arda na zona oriental, e o pequeno ribeiro de Areja, a oeste, abatendo de todos lados aos vales deste rios e ao Douro.
No entanto, na segunda metade do século XI, a designação da Igreja de Santa Eulália da actual freguesia era de Pedourido. É de crer, por isso, que o nome de Pedorido seja formado pelos dois elementos, o primeiro dos quais alusivo ao templo ao pé do monte e o segundo à vizinhança do Rio Douro. Pode também, o segundo caso, relacionar-se com a extraordinária riqueza mineralógica da região, onde em tempos muito recuados se explorou o ouro com alguma intensidade.
Esta freguesia está incluída na zona carbonífera do Couto Mineiro do Pejão, cuja exploração foi encerrada no final de 1994. As Minas do Pejão começaram a funcionar em 1886 e, ao fim de 108 anos de exploração, foi decretado o seu encerramento por decisão do Governo.
É hoje a Freguesia mais industrial do Concelho, graças à construção da Zona Industrial de Lavagueiras, com mais de 15 empresas, empregando mais de 500 pessoas.
Santo António da Lomba situa-se a 24km da sede do concelho e está na margem sul do Douro ao contrário das suas congéneres e da própria Câmara de Gondomar. Fica situada na margem esquerda do rio Douro, nas fraldas da serra.
Esta Freguesia é antiquíssima e possuidora de belas paisagens naturais. Aqui esteve situada possivelmente a capital do vasto território de Aréjia (ou Anégia). Esta cidade era na altura uma das mais importantes da região.
O povo da Lomba era antigamente pescador e lavrador, profissões, hoje, em vias de extinção. Tal como os serões passados à volta da lareira à luz da vela, onde eram recitados poemas e contadas histórias, nomeadamente uma história que contava a origem das povoações ribeirinhas da Lomba para cima, a Lenda da Moura.
Contam os mais velhos, que quando os mouros habitavam a Península Ibérica, existia uma jovem e bela princesa que se apaixonou por um príncipe cristão. O seu pai, defensor da religião muçulmana, perseguia os que acreditavam no cristianismo, não consentia, de maneira alguma, o casamento da sua filha com o príncipe cristão. Por este motivo, os dois jovens tiveram que enfrentar muitos obstáculos na defesa do sentimento que os unia.
A princesa e a sua família viviam juntos à zona ribeirinha do Douro. Um dia a jovem princesa, triste com a sua sorte, resolveu navegar rio acima com o seu amado. Logo apareceram inimigos a persegui-los com más intenções, levando-os a rumar para terra, para ali se esconderem do perigo. Ao sair do barco, a princesa, já muito cansada, pôs o pé numas rochas que ali havia, ficando a marca do seu pé na primeira pedra que pisou. Nasceu, deste modo, PÉ-DE-MOURA.
Fugiu de seguida por entre matagais até uma serra, nascendo LOMBA.
Continuou a sua viagem por maus caminhos, já cansada e magoada dos pés, sentou-se, num sítio junto ao rio, e nasceu a povoação de PEDORIDO. Muito desanimada, chorou nos ombros do seu amado e continuou viagem, furiosa com tudo o que se passava. Nasceu então RAIVA.
Os seus perseguidores já estavam perto e, um pouco mais acima, as águas calmas e límpidas do Douro, de repente, ficaram agitadas e surgiu uma enorme tempestade e o Douro tornou-se RIO MAU. Tão mau que fez naufragar o barco onde ia a princesa e o seu amado, afogando os que nele seguiam. Mais tarde o corpo da princesa apareceu na margem, nasceu a povoação MOURA MORTA.
O pai da princesa, quando viu o corpo de sua filha jazido no chão, arrependeu-se, mas já era tarde de mais. E assim termina a lenda da MOURA que é orgulhosamente transmitida aos mais novos pelos antepassados e que constitui um património cultural desta Freguesia.